- Área: 4000 m²
- Ano: 2017
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Fotografias:Javier Callejas
Descrição enviada pela equipe de projeto. O projeto situado no golfo de Tudor, em Mombasa-Quênia, é composto por 14 apartamentos e se caracteriza por uma pele estrutural que identifica o projeto e é resultado da busca por privacidade, ventilação natural otimizada e proteção solar. A ideia inicial é que os apartamentos se beneficiassem da experiência da vida ao ar livre, o contato com a natureza e a integração do entorno em cada lar.
Localização e contexto
Situada na costa do Quênia, Mombasa é a segunda maior cidade do país. É um centro multicultural estratégico conhecido pela tradição de comerciantes e artesãos. Caracterizado também por um clima tropical de savana e uma terra repleta de córregos.
O golfo de Tudor está situado em uma das margens de entrada do mar que rodeia a ilha de Mombasa, uma localização privilegiada na zona norte da ilha. Com vegetação exuberante por todas as partes e um bairro sereno, o projeto se adapta a esse entorno de maneira natural.
Trabalhamos estritamente com o cliente para criar um edifício com um mínimo impacto ambiental possível, adaptando-nos à inclinação natural da terra e utilizando os materiais e conhecimentos locais disponíveis.
Requisitos e restrições
Maximizar a paisagem desde dentro para fora dos apartamentos, especialmente através de terraços e varandas.
Respeito com o meio ambiente:
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Espaços naturalmente arejados: resfriamento passivo;
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Espaços bem iluminados, um desafio, já que a luz deve entrar sem deixar passar o calor do sol;
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Coleta da água da chuva devido à escassez de água;
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Água aquecida por coletores solares para economizar energia;
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Materiais locais de longa duração;
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Garantir a privacidade pela proximidade da rodovia e dos vizinhos: um edifício de um lado e uma residência unifamiliar do outro, com risco de futuramente receber um empreendimento residencial maior.
Tudo isso nos levou a criar a pele que envolve o edifício, protegendo-o de vistas e filtrando a luz.
Proposta
Os Apartamentos Tudor é um empreendimento baseado em sua arquitetura inovadora que mostra o apego à história de Mombasa, inspirando-se nos motivos e tradições do desenho swahili. Esse projeto está comprometido em harmonizar o passado, o presente e o futuro de Mombasa.
A proposta é um desenvolvimento exclusivo de 14 apartamentos onde todos oferecem impressionantes vistas panorâmicas sobre o córrego. Desenhamos um edifício icônico, com inovação de desenhos arquitetônicos, alto padrão de acabamento de produtos para um estilo de vida luxuoso e contemporâneo respeitando o patrimônio natural e local.
A inclinação do terreno e sua forma estreita guiaram nosso desenho para minimizar o impacto do edifício. A inclinação em direção à margem, na parte inferior do terreno, recebe três casas-pátio diferentes e únicas, que são erguidas umas sobre as outras. Além de filtrar a luz, os pátios permitem a ventilação através de tramados de madeira. Ao trabalhar com o desnível, na parte mais baixa do edifício foi criada uma academia e uma piscina com borda infinita. A distância entre os apartamentos e a rodovia foi medida para deixar o edifício em um segundo plano, estando presente mas suficientemente afastado da rodovia. Dessa maneira, o bloco de apartamentos, envolto por sua pele protetora, é elevado em frente a rodovia, com vistas para a entrada do mar e coroado por um ático com vistas 360°.
Características Ambientais
Ao estudar o terreno e projetar o edifício, procurou-se manter intactos os manguezais e outras árvores existentes.
Além disso, a ventilação natural e passiva foi um tema principal no desenho do projeto.
Nos apartamentos, a ventilação cruzada funciona perfeitamente já que atravessa a edificação desde a fachada voltada para o mar, passando pelos terraços sombreados, pelos tramados de madeira, até chegar na envoltura circundante.
Nas casas-pátio da parte inferior, os pátios permitem uma dupla ventilação: os tramados de madeira permitem que o ar circule desde o mar através dos espaços interiores até os pátios; dois tramados sobrepostos permitem a ventilação tanto da casa como do falso forro, para evitar que o calor seja transmitido para os terraços superiores. Além disso, foram agregadas grandes floreiras nos pátios e nos terraços, oferecendo frescor e vegetação.
Devido à ausência da rede de esgoto, integrou-se um biodigestor para o tratamento de águas residuais antes da filtragem ao subsolo. Além disso, a coleta da água da chuva é reutilizada para a irrigação dos jardins.
Peles estruturais: muxarabi contemporâneo
Desenhamos esta releitura de muxarabi seguindo um estudo de diferentes padrões tradicionais que funcionaram tanto para preservar a privacidade em relação com o entorno, como para filtrar a luz natural que queríamos para as casas.
Essa pele envolve o bloco de apartamentos, deixando sua fachada norte livre, com varandas em frente ao mar e aproveitando ao máximo a impressionante paisagem.
Além disso, graças ao trabalho dos engenheiros, a pele foi calculada para que fosse inteiramente estrutural. Por ser algo nunca feito no Quênia, trabalhamos com uma equipe mista de engenheiros locais e internacionais que cooperaram mutuamente. Foi um desafio para os trabalhadores de aço locais que graças a dedicação e cuidado realizaram um impecável trabalho na dobra das barras por meio de métodos manuais e mecânicos básicos, sem acesso a nenhuma tecnologia.
Espacialmente, essa pele também evita a tendência local de colocar redes nas janelas, convertendo-se em fronteira e filtro. Às vezes, a pele é o limite direto dos espaços interiores da casa, em outras ocasiões um primeiro filtro da luz do sol e o calor, reforçado posteriormente pelas persianas de madeira feitas à mão que surgem no interior das moradias. Dessa maneira, a luz penetra enquanto diminui a entrada de calor.
Artesanato, técnicas e trabalho em equipe
Além do acabamento em gesso branco, o projeto utiliza mtomo como acabamento exterior, uma técnica de revestimento de pedra coral originária de Lamu que ajuda a manter a capacidade térmica graças a porosidade da pedra. Todo o trabalho de carpintaria de madeira foi feito inteiramente esculpido a mão de maneira excepcional pelos artesãos locais de Mombasa e de Lamu. Além disso, os artesãos produziram in situ um contrapiso para as casas-pátio.